"Porque um menino nos nasceu..."
Como disse o mestre Leonardo Boff... “o menino quis ser
homem, o homem quis ser rei, o rei quis ser deus, só Deus quis ser menino...”
Pois é, porque um menino (ou menina para fazer justiça na
questão de gênero!) minha esperança renasce sempre. O milagre da vida me
fascina cada vez mais, quanto mais adquiro anos de vida – afinal não posso
parar o tempo, não é?!
Mas fico fascinado na presença de crianças, cada vez mais.
Em especial meninas. Acho que por já ter um menino. Mas isso é só um comentário
sem muita importância. O que sei é que a pureza das crianças me constrange. Sim,
mas a pureza da vida em geral. Porque temos a tendência de achar que só a pureza em questões sexuais é o que é lindo na criança. E é por isso que
combatemos os imbecis que têm interesses sexuais com crianças. Tema difícil
para minha veia sanguínea e colérica. Ainda mais com meu tamanho... (vamos
deixar para lá também).
Mas as crianças não são corretas no que diz respeito ao
egoísmo, aos ciúmes, às tentativas de fazer com que as coisas sejam feitas do
jeito que elas querem. E só. Nisso já nos apontam os sintomas do Adãozinho, da
desobediência natural de cada um de nós. O problema é quando um adulto continua
com esses equívocos, considerando-se crianças ainda...
E no mais? No mais, as crianças são absolutamente
fascinantes (e nos errinhos também – desde que os pais saibam ensiná-las e não
deixá-las fazer o que quiserem!). Precisamos entender que não fazem ‘média’
para agradar os outros. Se gostam, simplesmente gostam. Se querem rir, riem. E
se querem chorar, ah, sim, choram à valer. São diretas, sinceras, graciosas.
Retribuem carinho de maneira linda. E muitas, mesmo sem receber o carinho que
toda criança merece e precisa, dão carinho, beijinhos e abraços.
Gostam de brincar. A vida é um grande parque de diversões.
Gostam de piadas. Em especial de piadas que falem de pum, etc. Nós queremos
manter a racionalidade... Riem, gargalham e nos fazem felizes. Felizes porque
nos lembramos que um dia fomos assim. Que um dia não nos preocupávamos com o
que os outros achariam. Porque não tínhamos limites à brincadeira, exceto pelos
gritos dos pais dizendo: agora chega!
Eu gosto de animais. Em especial de filhotes. Mas gosto mais
ainda do ser humano. E ainda mais das crianças. Não é por menos
que Jesus disse que o Reino era delas. E quem não fosse como uma delas não
estaria incluso nesse Reino. Creio que pelo que já escrevi, mas mais ainda pela
confiança absoluta de que tudo vai dar certo. Melhor, de que amanhã terão
provisão para suas necessidades. Confiam nos pais. Eles proverão o pãozinho
delicioso, o arroz com feijãozinho, aquela batatinha frita que faz barulhinho
quando se morde. Sorvetinho? Muito, por favor! Chocolatinho? Ah, uma fábrica,
se possível – e tudo no diminutivo. E confiam, e encorajam. E dão carinho e nos
ensinam que Deus é o Pai. Que Ele é absolutamente cuidadoso com cada um de nós.
E que, por isso, precisamos agir como crianças. Confiar, nos divertir, cuidar, ‘carinhar’
a todos e amar sem limitações de cor, gênero, condição social (pois crianças
não diferenciam ninguém por ter ou não ter).
Ah, pequeninos e pequeninas, que ninguém os aborte porque o
futuro será diferente caso vocês nasçam! O futuro com uma criança na vida é
sempre melhor, mais abençoador, mas engraçado e divertido. Tem-se trabalho? Mas
é melhor que o trabalho que nos submetemos e que fazem cada vez menos sentido!
Trabalhar em função de uma criança faz todo sentido. Digo isso em especial às
mães. Porque papai é legal. Mas mamãe é mamãe, não é mesmo?!
Às crianças em regiões de extrema pobreza, que sorriem mesmo
diante das dificuldades. Que abraçam sem preocupação. Que se divertem sem
brinquedos caros. Que imaginam um mundo de ilusão, e que sonham com um mundo
melhor. Mais parecido com o de sua cabecinha. Coisa linda! Ajudem-me a ser uma pessoa
melhor. A ser como vocês. Porque Ele veio como uma criança e eu preciso ser como uma
criança. Todos os dias.
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