De: Eduardinho - Para: Eduardo


Toca o celular. Há três horas minha mente foi vencida pelo cansaço do corpo e apaguei. Mas agora que despertei, as lembranças voltam com mais força ainda.
Pai, o que escrever sobre você, gente boa? Por que escrever sobre você? Que dor é essa que nunca passei em minha vida? Que estranho. Consolei tantas pessoas e confesso que achava tudo um pouco exagerado, ou considerava que as pessoas eram mais fracas. Mas e agora?
Pensei em histórias suas. São inúmeras. Pensei nos ensinamentos. São tantos. Pensei nos seus defeitos e debilidades. Tamanhos. Mas quanto amor, meu pai! Que ima você possuía que agregava as pessoas ao seu redor e fazia de você o centro das atenções?!
Você foi meu herói. Um pai inteligente, bonito, engraçado, presente. Você foi meu orgulho, minha alegria. E o medo de perder você, após a morte de minha mãe, e quando consegui entender essa morte, foi meu pesadelo constante. Roteiro de um filme de terror noturno que insistia em me perseguir. É o inconsciente, não é meu velho?! Guarde essa pergunta aí para me explicar quando eu aí chegar. Sim, nos reencontraremos e eu farei cócegas em seu umbigo mais uma vez – o único lugar em que você sentia cócegas, paizinho...
Lancei meu terceiro livro e você esteve presente. Dois meses atrás. Aqui deixo uma foto. Firme, orgulhoso do filho e do momento em que tantos amigos e amigas foram prestigiar. Eles foram para que você ficasse muito feliz. E você estava. Ficou ao meu lado por todo o lançamento. Comprou um monte de livros e esperou, pacientemente, que eu autografasse cada um dos livros das pessoas que ali estiveram, dizendo: “no final você dedica os meus e de meus amigos”. Entre um livro e outro, uma piada, senso de humor sempre presente. Como eu ria com você, Velho Duda!
Por que tão rápido, paizão?! Tenho coisas pra te contar ainda... do trabalho, da nova vida em São Paulo, novos amigos, desafios, sonhos... preciso dos conselhos de sempre. Passar a mão na sua cabeça branca, abraçar e beijar você. Seu cheiro, meu pai. Ele ainda está comigo.
Mas e as histórias? E os “causos”? O que vou contar agora se você tudo sabe? Como explicar textos da Palavra – Bíblia que você tanto amou, se agora você sabe tudo?
Obrigado, meu pai, pelo carinho, pelo caráter formado em mim, pela sensibilidade aos mais pobres, pela generosidade que sempre você demonstrou. Nas generosas gorjetas aos garçons, nas ofertas para trabalhos sociais, na ajuda direta a parentes e amigos. Com os filhos gerados, filhos abraçados, parentes dos parentes, gente que sempre esteve ao seu redor.
E a eleição que comentávamos, perde o sentido nesse ano. E o Vascão, pai?! Nosso time querido! E os políticos desafetos, o olhar sempre crítico e atento às oligarquias... você me faz falta. E só faz um dia que você se foi. Espero poder semear o que você plantou. O seu jeito está em mim. Claro, copiei sem perceber, por ser fã. Isso a ciência explica. Meu gestual, meu sorriso, meu abraço. São seus, meu pai! Eu sou o Eduardinho e tenho muito orgulho disso. E você pode ter certeza, meu velho, que o meu filho é apaixonado por você. As lágrimas dele são a mais pura expressão desse amor. E ele não faz média com ninguém - é genuíno. Eu faço. Você não fazia. Mais um ponto pra você... mas eu chegarei lá! :*)
“Qualquer dia amigo eu volto a te encontrar... qualquer dia, amigo, a gente, vai se encontrar...” 
Já sonho com esse dia, meu pai. Dia que você me abraçará e dirá: “seja bem-vindo, filhão!”. E daí me apresentará um mundo novo que ainda não conheço. Como você fez tantas vezes comigo enquanto eu fazia tantas perguntas e “por quês” nessa vida.
Abrace minha mãe, minhas avós e meus avôs. Em especial minha mãe querida, que você tanto amou. E minha avó Celina, sua mãe, que deve estar em festa agora. E meu avô Olympio que você tanto amou e que foi seu grande amigo. Meu filho e eu somos grandes amigos, pai. A saga continua! Guarde as piadas para mim e as histórias que ele adorava repetir, quero ouvir também!
Obrigado pelo seu amor. Por ter sido meu pai e por ser para sempre meu pai. De tanto orgulho, amor. E agora saudade. Saudade dolorida demais. Dolorida demais.
Um beijo, meu amigo. Meu melhor amigo. Meu pai querido. Meu paizinho.
Do seu filho que tanto te ama,
Eduardinho

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