Maioridade - Recado ao Matheus Henrique


A gente cresce e descobre como era bom ser criança. Quanta despreocupação. Quanto tempo livre para brincar, para ser feliz! E eu fui moleque, tive infância maravilhosa. E gostava, por exemplo, de fazer compras no supermercado com meu saudoso pai. No entanto, não gosto de fazer o mesmo hoje em dia. Claro, as responsabilidades quanto ao pagamento são diferentes...

A gente descobre que aos 18 anos os desafios são enormes, a disposição ainda maior e a paciência, quase zero. Quando se ganha anos de vida, se anda mais devagar, por que, afinal de contas, já se teve pressa, diria o poeta Almir Sater.

A gente descobre na vida que muitas coisas são importantes. O sexo, os prazeres da comida, prazeres da diversão, prazeres dos amigos e amigas que nos ajudam a liberar as gargalhadas mais expressivas e deliciosas.

A gente descobre que a vida é uma delícia, que viver é um tesão e que queremos ser imortais. Desde que tenhamos a saúde dos 18 anos, claro!

A gente descobre as dores e desilusões do viver. Dores do luto, do desprezo, dos nãos que recebemos, dos planos e projetos frustrados, dos amigos que não se mostram tão amigos assim.

A gente descobre tanta coisa e ainda há tantas outras a se descobrir. "Nem que eu bebesse o mar, encheria o que eu tenho de fundo". Djavan, cracaço. Frase verdadeira, com toda a certeza.

A gente descobre que precisa de um Ser que não entendemos bem, que não conhecemos bem, que questionamos bem em momentos de dor e sofrimento, mas que, sem Ele, a vida seria muito mais difícil.

A gente descobre que a maior emoção da vida não é a promoção social, ou o novo cargo profissional, ou a garota mais linda conquistada. A gente descobre que a maior alegria da vida é a continuidade da vida. E essa continuidade, uma vez que somos mortais, se dá na geração futura. Nos filhos. Gerados no ventre da mãe ou não, com o esperma ou não do pai. Filhos que criamos, que choramos, que sorrimos e que fazem a nossa vida ter muito mais sentido, muito mais propósito. Muita mais graça. Muito mais Graça.

A gente descobre que os filhos são nossa prioridade, nosso legado. No meu caso particular, ele tem, por que só tive um filho, o poder de me preencher. De querer que eu veja os meus sonhos refletidos nos dele, nos que ele vai construir. Queremos que a continuidade nossa, no nosso filho, seja melhor do que o projeto mal acabado que se vê no próprio espelho. E se exige mais do filho.

Mas eu não preciso tanto, por que tenho um filho que já é muito melhor do que eu. E isso me enche de alegria. De profunda alegria. Além de tudo é vascaíno como eu (vejam a foto)! Escolha definida antes da concepção! Hahaha

E hoje, Matheus Henrique, meu filhão, alcança a maioridade. E eu caminho para a senioridade. Mas a alegria de menino está nele. E eu com ele sou mais menino. Mais moleque. Mais Marcinho, mais Eduardinho.

 Resta o conselho de um pai cheio de defeitos, mas que ensinou e tem ensinado, no dia-a-dia o caminho melhor de se caminhar. Mas as escolhas serão dele. Cada uma delas. As consequências, por sua vez, não serão só dele. Por que estamos juntos. Desde o dia em que vi aqueles olhinhos me olhando e reconhecendo minha voz, ainda incomodado com a luz que vinha de fora do ventre que tão bem o acolhia.

Não tenho como dissociar as consequências, mas, na amizade, no ombro, na parceria, tento e tentarei ajudá-lo a escolher bem. A escolher o Bem. Para o bem dele, dos pais, das pessoas e dos mais fracos. E ele sabe que os mais fracos sempre precisam de mais ajuda. E Deus o tem feito forte, bonito, cheiroso (hahaha), inteligente. Mas não o fez assim para si mesmo, nem para apenas desfrutar das alegrias e prazeres dessa vida maravilhosa apenas (mas também para isso), mas para servir melhor, ser melhor e viver melhor...

Filhão, meu melhor amigo, desfrute da vida, sorria, se divirta, celebre tudo que puder. Choraremos juntos, riremos juntos ainda mais. Mas nunca se esqueça dos conselhos dos pais, do amor da mãe (ninguém ama você mais do que ela, camarada!), dos puxões de orelha e de que a sua vida sempre terá mais sentido com a presença dEle e com o serviço aos menores.

Do seu pai, ainda jovem (hehehe), que ama você demais,

Bob =)

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