40 Anos de Vida

 
Planejei escrever algo para comemorar meus 40 anos e também para agradecer tantas manifestações de carinho via redes sociais, telefonemas, nas muitas viagens que fiz nos últimos dias e nos encontros inesquecíveis que tive.
Ceará, Pernambuco..., Alagoas, Rio de Janeiro e São Paulo. Delícia demais!
Mas lembrei que, há algumas semanas, me deparei, antes de uma reunião, com um texto do Ricardo Gondim em um quadro, exposto, e que, absolutamente, diz o que eu gostaria de dizer. Só que muito melhor do que eu teria feito.
 
Como diz o grande Chico Buarque, "feito avarento, conto os meus minutos, cada segundo que se esvai". Estou curtindo muito mais a vida hoje. Aproveitando todos os momentos, e agora convidando você a fazer o mesmo.
 
Segue o texto e a foto que, emocionado e enxugando as lágrimas pré-reunião, tirei para não esquecer.
 
Obrigado a todas e todos e um grande beijo no coração, como me é de costume distribuir por aí.
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Tempo que foge!

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo de lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos. Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo. Não vou mais a workshops onde se ensina como converter milhões usando uma fórmula de poucos pontos. Não quero que me convidem para eventos de fim de semana com a proposta de abalar o milênio.

Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos parlamentares e regimentos internos. Não gosto de assembleias ordinárias em que as organizações procuram se proteger e perpetuar através de infindáveis detalhes organizacionais.

Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos. Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de “confrontação”, onde “tiramos fatos à limpo”. Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário do coral.

Já não tenho tempo para debater vírgulas, detalhes gramaticais sutis, ou sobre as diferentes traduções da Bíblia. Não quero ficar explicando porque gosto da Nova Versão Internacional das Escrituras, só porque há um grupo que a considera herética. Minha resposta será curta e delicada. – Gosto e ponto final! Lembrei-me agora de Mario de Andrade que afirmou: “As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos”.

Já não tenho tempo para ficar dando explicação aos medianos se estou ou não perdendo a fé, porque admiro a poesia de Chico Buarque e do Vinícius de Moraes; a voz da Maria Bethânia; os livros de Machado de Assis, Thomas Mann, Ernest Hemingway e José Lins do Rêgo.
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita para “a última hora”; não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja andar humildemente com Deus. Caminhar perto dessas pessoas nunca será perda de tempo.
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