A PRIVATARIA TUCANA - Livro de Amaury Ribeiro Jr.
Encontro com meu coração febril, dolorido. Isso porque sou um otimista. Não apenas sou internamente um otimista, mas declaro meu otimismo, compartilho esperança e fé por onde passo. Sou assim, além de bem humorado.
Vejo melhoras no país, na estrutura como um todo, nas melhores condições de vida dos mais pobres. Na ascensão da classe chamada de "C", que comem mais, curtem mais a vida.
Nem tudo são flores, eu bem sei. Mas melhorou, graças a Deus.
Fui concursado da Telerj (empresa de telecomunicações do Rio de Janeiro) e enfrentei o período da privatização da mesma. Começo dizendo isso por causa do livro que estou lendo. Internamente passei em outro concurso e fui para a recém criada Telerj Celular. A fixa seria comprada pela Telemar (hoje Oi) e a móvel pela Telefonica de Espanha (hoje Vivo). Acompanhei de perto a sucatização cada vez maior da empresa estatal, com críticas de todos os lados, valor de mensalidade ridícula e qualidade péssima. E a mídia, sim, sempre a favor de melhoria privada, claro. Todos sonhávamos com a melhoria nas telecomunicações, o que de fato aconteceu, mas que nunca poderia ter sido feita da maneira como ocorreu.
Não havia disponibilidade de linha telefônica para ninguém nos anos de 1990. Ou melhor, apenas para quem pagasse muito. Linha telefônica era declarada no Imposto de Renda com valores vultosos... Mas para quem podia pagar recursos (corrupção explícita), "a luz se fazia" e a disponibilidade técnica (chamada pelos IRLAs (para simplificar, eram aqueles técnicos que ficavam em cima dos postes de telefonia) de 'Facilidade') aparecia, e a linha instalada.
Definida a privatização no Governo FHC (e isso se tornou sinônimo de avanço, propagado por todos, incluindo meus professores de Economia na UERJ), descobrimos na Telerj que, assim que foi definida a privatização, em seguida começaram a investir maciçamente em fibra ótica, infraestrutura, etc. Ora, quem em sã consciência, ao vender um carro, antes investe dinheiro na suspensão, na pintura, itens de segurança, ...?!
Mas o absurdo não era propagado, e como dizia FHC, era pra "vender tudo o que for possível". Essa era a meta. E assim se fez.
Vejo com muita tristeza o espetáculo do mensalão do PT. Mas acho que foram julgados com rigor (como tem que ser mesmo). Por que se o dinheiro era para campanha, para a manutenção no poder, não importa. É dinheiro público e alguém está se beneficiando disso.
Tenho também convicção plena de que, na política, raros são os 'de bem' e não há um santo sequer (como eu tão pouco o sou, digamos de passagem).
Não sou santo por inúmeros erros pessoais, e, profissionalmente, tratando de maneira mais específica, simplesmente por que a privatização me foi muito benéfica. Em pouco mais de um ano saí de um salário reduzido, do desconhecimento profissional, para uma área atrativa, com um salário bem melhor e um tal cargo de gerente. Coisa boa para um jovem de vinte e poucos anos, com muita agressividade e algum talento para lidar com gente. As empresas adoram isso.
Digo com tristeza porque em minha vida fui omisso por perceber possibilidades de ganho ilícito. Mesmo que a omissão fosse por situações de corrupção que tenha visto, fui omisso. Trabalhei em instituições grandes (e não falo apenas de empresas de telecom...) e percebi isso em muitas delas. E na maioria dos casos, me calei. Conveniência, interesse próprio, criando minha própria ética.
Não mais me calarei. E começo com o incômodo que esse livro (título deste humilde post), enviado por uma querida amiga em PDF, tem causado em mim. Não consegui parar de ler as tramoias de homens ligados ao PSDB. Sim, porque se o PT era a utopia que vivi em tempos de Leonel Brizola no PDT (deixaram de ser, claro!), o PSDB, para mim, era o partido dos Otavinhos. Um codinome dado aos que governam primeiro pensando nas elites, na oligarquia, nos seus próprios filhos. Ainda que os filhos de todos os políticos estejam neste grupo. Mas não considerava o partido tão corrupto assim como agora, o até então quase santo Mario Covas deixa claro nos últimos escândalos, de que não são, não foram e, provavelmente, não serão.
Mas o livro é um arremedo de documentos e uma enxurrada de provas contra homens ligados ao PSDB, ligados às vergonhas da privatização da VALE (que hoje vale 200 vezes ou mais do que quando foi vendida), do sistema Telebrás, da Light e outras mais pelo Brasil que fizeram homens de muitos milhões de dólares. São quantias estupendas. Paulo Maluf, claro, liderando com seus US$450 milhões que nem seu bisneto conseguirá gastar (até por que dificilmente serão trazidos ao Brasil).
Algumas estatais foram salvas por liminares diversas. Furnas (onde eu acompanhei de perto, por ter sócios em um restaurante que eram funcionários ou aposentados de Furnas). A luta foi até a hora do possível leilão... e não conseguiram leiloar Furnas. A próxima, diziam, seria a Petrobrás... e ainda iriam privatizar o BB e a Caixa, ou torna-los bancos de segunda classe.
É tanta corrupção, tanta sujeira, tanta vergonha, tanta injustiça que me sinto menos otimista. Me sinto até mesmo envergonhado.
Não sou ligado a nenhum partido político, quero deixar bem claro.
E quero despertar aqueles que desejam conhecer essa história a me pedirem maiores informações em meu twitter @marcioduran. Estarei à disposição.
Quero dizer que Daniel Dantas, Ricardo Sérgio de Oliveira, Ronaldo de Souza, Paulo Maluf, Ricardo Teixeira (CBF), Mendonça de Barros, Carlos Jereissati, Veronica Serra (filha de Serra) e seu marido, Veronica Dantas, André Lara Resende, FHC, Silveirinha, Gregório Marín Preciado ("primo" de Serra), Alexandre Bourgeois (genro de Serra), Eduardo Jorge, Marcelo Itagiba e tantos outros que precisarei reler todo o material de 344 páginas, precisam saber que haverá justiça divina para eles que fraudaram bilhões. Essa ainda é minha esperança...
Dinheiro que poderia ter aliviado a dor de milhões de brasileiros e que deveriam ter sido empregados para o bem comum.
Homens e mulheres que misturam o público com o privado e que não tem limites nem para roubar, fraudar e destruir.
Enterraram a CPMI do Banestado (Pedro Simon já tentou por tantas vezes retomar a CPMI). Mas ninguém quer porque, reabrir a mesma significa colocar vários outros nomes (de outros partidos como PT, PR, DEM e tantos outros antros de conluio com dinheiro da nação) na berlinda.
A propina da Alstom e de outras aqui em São Paulo serão paradas na justiça brasileira também enredada por questões de grana e poder. Por que Gilmar Mendes liberou dois Habeas Corpus para Daniel Dantas?! Por que andam de mãos dadas, quando convém, o Judiciário, o Executivo e o Legislativo ?! Só pode ser por rabo preso. Medo é a palavra.
Não sou ninguém. Mas não tenho mais rabo preso. O otimismo está abalado, mas não meu profetismo.
Agora segura a pressão, ainda que pouca...
Vejo melhoras no país, na estrutura como um todo, nas melhores condições de vida dos mais pobres. Na ascensão da classe chamada de "C", que comem mais, curtem mais a vida.
Nem tudo são flores, eu bem sei. Mas melhorou, graças a Deus.
Fui concursado da Telerj (empresa de telecomunicações do Rio de Janeiro) e enfrentei o período da privatização da mesma. Começo dizendo isso por causa do livro que estou lendo. Internamente passei em outro concurso e fui para a recém criada Telerj Celular. A fixa seria comprada pela Telemar (hoje Oi) e a móvel pela Telefonica de Espanha (hoje Vivo). Acompanhei de perto a sucatização cada vez maior da empresa estatal, com críticas de todos os lados, valor de mensalidade ridícula e qualidade péssima. E a mídia, sim, sempre a favor de melhoria privada, claro. Todos sonhávamos com a melhoria nas telecomunicações, o que de fato aconteceu, mas que nunca poderia ter sido feita da maneira como ocorreu.
Não havia disponibilidade de linha telefônica para ninguém nos anos de 1990. Ou melhor, apenas para quem pagasse muito. Linha telefônica era declarada no Imposto de Renda com valores vultosos... Mas para quem podia pagar recursos (corrupção explícita), "a luz se fazia" e a disponibilidade técnica (chamada pelos IRLAs (para simplificar, eram aqueles técnicos que ficavam em cima dos postes de telefonia) de 'Facilidade') aparecia, e a linha instalada.
Definida a privatização no Governo FHC (e isso se tornou sinônimo de avanço, propagado por todos, incluindo meus professores de Economia na UERJ), descobrimos na Telerj que, assim que foi definida a privatização, em seguida começaram a investir maciçamente em fibra ótica, infraestrutura, etc. Ora, quem em sã consciência, ao vender um carro, antes investe dinheiro na suspensão, na pintura, itens de segurança, ...?!
Mas o absurdo não era propagado, e como dizia FHC, era pra "vender tudo o que for possível". Essa era a meta. E assim se fez.
Vejo com muita tristeza o espetáculo do mensalão do PT. Mas acho que foram julgados com rigor (como tem que ser mesmo). Por que se o dinheiro era para campanha, para a manutenção no poder, não importa. É dinheiro público e alguém está se beneficiando disso.
Tenho também convicção plena de que, na política, raros são os 'de bem' e não há um santo sequer (como eu tão pouco o sou, digamos de passagem).
Não sou santo por inúmeros erros pessoais, e, profissionalmente, tratando de maneira mais específica, simplesmente por que a privatização me foi muito benéfica. Em pouco mais de um ano saí de um salário reduzido, do desconhecimento profissional, para uma área atrativa, com um salário bem melhor e um tal cargo de gerente. Coisa boa para um jovem de vinte e poucos anos, com muita agressividade e algum talento para lidar com gente. As empresas adoram isso.
Digo com tristeza porque em minha vida fui omisso por perceber possibilidades de ganho ilícito. Mesmo que a omissão fosse por situações de corrupção que tenha visto, fui omisso. Trabalhei em instituições grandes (e não falo apenas de empresas de telecom...) e percebi isso em muitas delas. E na maioria dos casos, me calei. Conveniência, interesse próprio, criando minha própria ética.
Não mais me calarei. E começo com o incômodo que esse livro (título deste humilde post), enviado por uma querida amiga em PDF, tem causado em mim. Não consegui parar de ler as tramoias de homens ligados ao PSDB. Sim, porque se o PT era a utopia que vivi em tempos de Leonel Brizola no PDT (deixaram de ser, claro!), o PSDB, para mim, era o partido dos Otavinhos. Um codinome dado aos que governam primeiro pensando nas elites, na oligarquia, nos seus próprios filhos. Ainda que os filhos de todos os políticos estejam neste grupo. Mas não considerava o partido tão corrupto assim como agora, o até então quase santo Mario Covas deixa claro nos últimos escândalos, de que não são, não foram e, provavelmente, não serão.
Mas o livro é um arremedo de documentos e uma enxurrada de provas contra homens ligados ao PSDB, ligados às vergonhas da privatização da VALE (que hoje vale 200 vezes ou mais do que quando foi vendida), do sistema Telebrás, da Light e outras mais pelo Brasil que fizeram homens de muitos milhões de dólares. São quantias estupendas. Paulo Maluf, claro, liderando com seus US$450 milhões que nem seu bisneto conseguirá gastar (até por que dificilmente serão trazidos ao Brasil).
Algumas estatais foram salvas por liminares diversas. Furnas (onde eu acompanhei de perto, por ter sócios em um restaurante que eram funcionários ou aposentados de Furnas). A luta foi até a hora do possível leilão... e não conseguiram leiloar Furnas. A próxima, diziam, seria a Petrobrás... e ainda iriam privatizar o BB e a Caixa, ou torna-los bancos de segunda classe.
É tanta corrupção, tanta sujeira, tanta vergonha, tanta injustiça que me sinto menos otimista. Me sinto até mesmo envergonhado.
Não sou ligado a nenhum partido político, quero deixar bem claro.
E quero despertar aqueles que desejam conhecer essa história a me pedirem maiores informações em meu twitter @marcioduran. Estarei à disposição.
Quero dizer que Daniel Dantas, Ricardo Sérgio de Oliveira, Ronaldo de Souza, Paulo Maluf, Ricardo Teixeira (CBF), Mendonça de Barros, Carlos Jereissati, Veronica Serra (filha de Serra) e seu marido, Veronica Dantas, André Lara Resende, FHC, Silveirinha, Gregório Marín Preciado ("primo" de Serra), Alexandre Bourgeois (genro de Serra), Eduardo Jorge, Marcelo Itagiba e tantos outros que precisarei reler todo o material de 344 páginas, precisam saber que haverá justiça divina para eles que fraudaram bilhões. Essa ainda é minha esperança...
Dinheiro que poderia ter aliviado a dor de milhões de brasileiros e que deveriam ter sido empregados para o bem comum.
Homens e mulheres que misturam o público com o privado e que não tem limites nem para roubar, fraudar e destruir.
Enterraram a CPMI do Banestado (Pedro Simon já tentou por tantas vezes retomar a CPMI). Mas ninguém quer porque, reabrir a mesma significa colocar vários outros nomes (de outros partidos como PT, PR, DEM e tantos outros antros de conluio com dinheiro da nação) na berlinda.
A propina da Alstom e de outras aqui em São Paulo serão paradas na justiça brasileira também enredada por questões de grana e poder. Por que Gilmar Mendes liberou dois Habeas Corpus para Daniel Dantas?! Por que andam de mãos dadas, quando convém, o Judiciário, o Executivo e o Legislativo ?! Só pode ser por rabo preso. Medo é a palavra.
Não sou ninguém. Mas não tenho mais rabo preso. O otimismo está abalado, mas não meu profetismo.
Agora segura a pressão, ainda que pouca...
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