APOSTASIA MODERNA (Finalização)


PARTE 3 – OS DIAS DE HOJE – CAPITALISMO (CÉU) X SERVIÇO (REINO)
A partir do século XIX, nos especializamos em Teologia. Fizemos missões, muitas vezes sem o intuito de alcançar povos, mas para acompanhar nosso povo Alemão que vinha para o Brasil (para manter o culto e as práticas sãs do protestantismo). Mas lá, encontramos um povo que desejava conhecer e assim, fomos crescendo.
Nas mensagens, enfatizamos o kerigma, a pregação, a proclamação. Falamos de pecado e perdão. Graça e do céu. Ajudar o pequenino, somente se a mensagem fosse aceita e, assim, ele estivesse com o passaporte de entrada no céu garantido. O resto é coisa sem importância, não é tarefa da Igreja.
Esquecemo-nos da diakonia, do serviço, que foi a marca mais forte da Igreja em seu início. E eu poderia pontuar esta parte com o que falei até aqui. E já estaria ruim. Mas tudo que está ruim, pode piorar...
Começamos a fazer uma junção ainda pior. Pregamos a salvação como fim em si mesmo, mas queremos gozar das benesses desta terra. “Se ouvirdes a minha voz, comereis o melhor desta terra...”. Discurso bom (mesmo que com texto fora do contexto e usado para pretexto). Salvação garantida e mesa farta, carro importado, engajamento nas causas do Reino, zero. Do céu mesmo praticamente não se fala. Porque, o céu sempre foi a justificativa para eu não me envolver nas coisas deste mundo – mesmo que estas coisas fossem em favor dos que mais sofrem, dos pobres, dos injustiçados.

Ou seja, a apostasia conseguiu unir o que de pior havia nos discursos. É mais ou menos como querer o céu do mendigo e a vida do rico (da parábola...). Falar do céu, sem me envolver na manifestação do Reino, e gostar da terra, e tudo o que dela puder receber. Custe o que custar. Somos a geração do entretenimento, da diversão. O tempo é agora, mas não para as causas do Reino e sim para o como posso me divertir. E olha que Jesus foi chamado de comilão, de beberrão. Amava a comunhão, as celebrações, o bom vinho. Mas não dormiu muitas vezes, passou tantas outras sem descanso, não tinha onde reclinar a cabeça. Não se privou de semear o Reino, de manifestar o Reino, de reinserir os alijados no Reino (não à toa, a palavra alijado é tão parecida com aleijado).


CONCLUSÃO E DESAFIO: Como aquecer a nossa fé?!
Eis o grande desafio para cada um de nós. Aquecer o nosso coração como os discípulos no caminho de Emaús. Fugir da idolatria moderna de uma vida próspera, abundante em bens e diversão. Nos envolver nas causas do Reino. E quais são elas?
Bem, enquanto tivermos meninos nos sinais, enquanto gente morre de fome, enquanto há estupros nos lares, enquanto há violência contra a mulher, enquanto há guerras, enquanto há racismo, enquanto há ódio, enquanto há maledicência, enquanto há pedofilia, enquanto há inveja, enquanto há indiferença, há muito o que se fazer.
Como podemos dormir tranqüilos? Como podemos achar que estamos “quites” com nossas obrigações espirituais quando famílias estão sendo destruídas e não temos feito nada? Como podemos bater no peito e dizer que iremos para o céu quando o mundo para tantos é como um inferno?
Queremos entender a Apostasia Moderna? Indiferença. Queremos entender o sucesso do Rivotril (remédio contra a depressão)? Vida sem sentido. Mesmo se aguardando o céu...
Que aceitemos a cruz e não fujamos dela. Que abracemos os pobres e não lamentemos o odor, porque o que fede mesmo são os sepulcros caiados!
Que Deus tenha misericórdia de nossas vidas e nos ajude a mudar.

Comentários

Alceu disse…
Querido Pr. Márcio Duran. Acompanhei os seus textos sobre a Apostasia Moderna e não há nada o que acrescentar a não ser adicionar um motivo a mais á refletir em tudo o que falou. Concordo com cada parágrafo e cada idéia.
Sinceramente não se pode salvar simplesmente a alma do individuo e deixar seu corpo perecer no inferno. Todos somos almas viventes onde para se tornar viventes precisa-se de um corpo e a religião tem desprezado está “parte” do ser que não é em nada menor ou que deva receber menor atenção que á parte “mais” preocupante que é a espiritual. Jesus salvava (e salva e continuará salvando) o ser humano em todos os seus aspectos e o re-colocava num lugar onde ele deveria se manter inserido. Hoje, depois de tanta religiosidade disseminada e implantada, parece que as igrejas vivas (que somos nós) desistiram de ser semelhante a Jesus (porque isso dá trabalho...) e ficaram apenas no discurso. Nos esquecemos de que antes de Jesus nos ordenar a curar, expulsar demônios e pregar, nos disse para sermos suas testemunhas, e, como ser testemunhas de um Jesus que salva o homem todo se eu não aceito o homem todo como projeto para salvação? Sinceramente e humildemente reconheço que precisamos reaprender com Jesus, O Cristo, o que seja salvar uma vida. Graça e Paz entre nós, os que, constrangidos pelo Espírito, temos boas vontades. Abraço.

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